Remetente: Saudade.

Oi, meu nome é Saudade. Sou incompásivel e voraz, queimo como ferro quente e não dou muito valor a coisas presentes, gosto do vazio e ando descalço em cacos de vidro. Sou mórbido e ando de mãos dadas com o adeus. Costumo cortar corações e algumas vezes sou molhada, úmida e cortante, me chamando nessa forma da lágrima. Tenho um dom sublime de de esvaziar o armário da esperança que insiste em me contrariar com expectativas de volta no tempo. Não temo presente, só vivo de passado e me alimento de angústia. Sou vódca com cubos de gelo, queimo e esfrio, embriago e por pior que seja sou lembrança, que é quase melhor que o nada. Alguns dizem que sou frio e amargo, outros que queimo como brasa. Não acho que eu seja maldosa nem cruel como dizem, até me acho muito sincera e bonita nas poesias. Quem me prova, me resume em azedo. Sou sempre o sucessor das coisas, venho depois de uma paixão, ou quando dão o segundo passo, ou quando presenciam a último suspiro alheio... enfim. Sou arco-íris de uma cor só, a cor que escolherem; sou flexível e domável, mas tenho pulso firme e não me vencem fácil. Só tenho um único medo e um único inimigo mais forte que eu, não deveria nem se quer citá-lo aqui, mas te conto isso como um segredo . Tenho medo do tão chato e falado amor, não por si só, mas por que ele vem seguido de força pra seguir e dá passos em direção ao reencontro. Ele é tudo oque eu não sou, tudo oque as pessoas gostam, cheios de cores e aromas, de pessoas ou de sabores. Repulsivo. Eu sou solidão , ele é companhia, eu sou vento frio ele é brisa aconchegante, eu sou os espinhos e ele a rosa. Mas ainda assim, posso ser imortal. Por que nem tudo é para sempre, e então eu entro na vida de alguém clamando por lembranças no vazio. Enquanto houver esse tal de amor, existirá apego, e aí eu entro em ação como sucessor. Sem mais apresentações, vou estar sempre ao seu lado, não se preocupe. Até logo!