domingo, 6 de dezembro de 2009

Beneditina não soube rezar.

Teve seu primeiro surto aos 2 anos, depois de quebrar todos os discos que a mãe colecionava. Aos 8 Beneditina era chamada de pimenta malagueta, os vizinhos achavam graça na esperteza a mãe voltando da missa não ria nem um pouco. Tinha olhos de malícia descuidada como quando a criança suja roupa depois do aviso: ' Não suje a roupa'. Aos 14 andava com o grupo hippie, resolveu fazer uma tatuagem aos 15. Beneditina quebrava regras, era amiga intima das boas causas, e não fazia questão de aparentar sorrisos falsos, nem de esconder a verdade. Nunca ligou em se privar dos pecados como a mãe, e sempre sonhou muito mas na contra mão dos desejos submissos dos seus pais. Fez vestibular- passou de primeira- o pai queria direito e a mãe medicina, ela queria como profissão a vida e seguiu a risca sua vontade, foi cuidar dos golfinhos em Bangladesh. Nunca acreditou em princípes, vivia por si só, mas se apaixonou por Omar, casou aos 25. Omar... o genro que os pais nunca, em hipótese nenhuma pediram a Deus, pintor renomado entre os mais desconhecidos possível, o salário era do tamanho que os pais de Beneditina sonhoram diminuído por 1000 dólares ! Mas sinceramente, para a pimentinha malagueta crescida de pouco importava o peso da carteira de Omar . E assim ela vivia, nunca a entederam muito bem. Ela deveria ir à igreja ao invés de ir na feirinha dos hippies e fazer um dread, deveria estar bem vestida procurando um bom salário ao invés de cuidar de golfinhos, deveria ter casado com o primo rico de cabelo cheio de gel que os pais amavam, mas casou com um sei lá oquê só por que , ha-ha, o amava... Para os pais uma bobagem imperdoável. Ela poderia ser alguém imaginária bem mais adorada por todos, mas preferiu ser ela mesmo e era muito, mas muito feliz por isso. Beneditina não soube rezar. Beneditina fez tudo errado. Beneditina foi o pior que poderia ser. Beneditina não obedeceu ninguém..._________________________________________ Beneditida foi a pimenta malagueta mais feliz que já existiu do Brasil à Bangladesh. E vai ver a mãe que buscava as aparências de mil missas, não fosse nem um terço tão especial aos olhos de quem suas rezas tanto buscavam.

3 comentários:

  1. A ovelha negra da família! :B
    No fundo, todos somos um pouco como Beneditina!

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  2. Gostei muito desse texto... na verdade Beneditina soube ser a mais feliz.. e é isso que importa, não o que vão achar!

    ;)

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  3. Caraca, MUITO MUITO MUITO bom seu texto!!!!

    E a gente deveria ser mais Beneditina. Sério!

    Um beijo.

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