Eu não sei rimar.

Borboleta rima com chupeta, caramelo com amarelo e Cinderela com canela... E eu não vejo nada poético nisso. Sou péssima com métricas, e talvez seja por isso que gosto tanto de coisas tortas e pessoas inconsequentes. Quem busca rimar muito a vida, fica preso a se manter igual repetindo a última sílaba nos planos que faz. Às vezes eu tento seguir a linha reta e me vejo equilibrada como um elefante numa corda de 1 cm. Aprendi algumas rimas, do tipo que amar rima com sonhar ou que cor é beleza da flor, viver é a graça do merecer e cantar é o timbre dos males espantar... Sou dona de rimas pobres em dísticos de linha vívidas. Entrego certos amores em palavras com a mais pura beleza da simplicidade, que faz da vida mais bonita e dos versos mais intensos. No meu primeiro poema descobri que qualquer coisa que rima, no fim termina preso aos rastros do que começou. De tantas promessas que fiz, de tantos textos que comecei, não me sinto traída por não ter terminado no 'êço' de começo. Eu vivo em versos livres onde começo do fim e felicidade termina com oque eu quiser. E eu me sinto muito feliz em não saber rimar.