sábado, 20 de fevereiro de 2010

(Carlos Drummond de Andrade) E como ficou chato ser moderno. Agora serei eterno.

Eterno! Eterno! O Padre Eterno, a vida eterna, o fogo eterno.

— O que é eterno?
— Ingrato! é o amor que te tenho.

Eternalidade eternite eternaltivamente eternuávamos eternissíssimo.
A cada instante se criam novas categorias do eterno. Eterna é a flor que se fana se soube florir, é o menino recém-nascido antes que lhe dêem nome e lhe comuniquem o sentimento do efêmero, é o gesto de enlaçar e beijar na visita do amor às almas. Eterno é tudo aquilo que vive uma fração de segundo mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força o resgata. È  minha mãe em mim que a estou pensando de tanto que a perdi de não pensá-la. É  o que se pensa em nós se estamos loucos, é tudo que passou, porque passou. É  tudo que não passa, pois não houve.
Eternas as palavras, eternos os pensamentos; e passageiras as obras. Eterno, mas até quando? É esse marulho em nós de um mar profundo. Naufragamos sem praia; e na solidão dos botos afundamos.
É tentação a vertigem; e também a pirueta dos ébrios.
Eternos! Eternos, miseravelmente.

Mas eu não quero ser senão eterno...

Um comentário: