segunda-feira, 21 de junho de 2010

Calmaria

    


              Image and video hosting by TinyPic
           

                 Na minha calmaria de ashram indiano me sinto em um limbo interior voraz que corromperia o amor se ainda restasse algo além de trapos, dentro do meu coração esfiapado.
Como o marinheiro e o barco ligados um ao o outro, mas sem vento ou combustivel; restando apenas água e horizonte. Assim vos apresento: meu coração e eu.
São tantos lamentos, que até a mim mesma causa enjoou reprisar minha intimidade minguada. É como querer água sem sede, Orfeu sem arpa, drogas sem vício ou a primeira história de amor sem um diário com florzinhas.
                Costumo pensar antes de dormir e chego a conclusão que todo um dicionário, a Odisséia em uníssono se encontra na minha mente nesse momento, mas só até dormir e acordar às 6 da manhã com todas as palavras mudas, desaparecidas; devem escorrer por debaixo do travesseiro muito provavelmente!
Deve ter algum livro de auto-ajuda ou programa ruim o suficiente na TV aberta para me distrair do meu sono interno; mas quem tem paciência para essas coisas?
Isso é simplificado pelos budistas como ignorânica; pelos islâmicos, culpa da tendência dos meus atos humanos em se rebelar contra Deus ( E Ele deve ler este blog e sabe que não é o caso). Pelos judaíco-cristãos, é o carma do pecado original e para Freud é só o resultado da luta incompreensível e interminável do meu Eu inconsciente versus a civilização caótica.
Ou talvez seja genético, hereditário.
Mas e daí ? Aonde cabe minha carência, minha solidão desenfeitada e cinza? Não se resolveu em nenhum livro do século XIX ou teoria atual. E isso que eu nem tenho 60 anos, meu rosto ainda está sem rugas como uma roupa recém engomada... E quando meu rosto for uma roupa retorcida quero que seja do esforço muscular diário das mil risadas que o comprimiu. Que se afaste  essa amargura sem motivo do meus anos dourados.
E a coisa anda tão feia e esquisita que perdi a fórmula das minhas paixões. Deve ter caído da bolsa na rua e como esqueci de colocar a etiqueta com o nome dele ( Por que sempre tem um ele em italíco intrometido nos meus textos?), não me encontraram para entregar a paixonite de fórmula docinha.
              Estou sempre com um fio de lã na mão esperando que Teseu volte à salvo. Esperando piamente não ser Ariadne e não me dissolver com o vento na minha própria história.
E se for para me diluir que eu passe antes pelo paraíso, inferno, Monte Olimpo e Hades, mas tudo isso aqui no nosso planeta que é redondo justamente para não nos tornamos quadrados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário